sexta-feira, 7 de setembro de 2012


Coisas de que ninguem fala


Mesquita Machado, um dos três políticos a nível mundial á mais tempo no poder, chegou a dizer que não morreria sem ver o Braga campeão. E ao que parece não tem olhado a meios para concretizar o desejo, tem valido de tudo. A Câmara Municipal de Braga  - que já se confunde com o nome de Mesquita Machado - tem tido ao longo dos anos um peso significativo na vida do clube, desde da atribuição de subsídios vários, terrenos, até á escolha ou interferência directa na composição dos elencos directivos. O relatório do Tribunal de Contas no âmbito dos estádios do Euro 2004 revela uns pormenores curiosos no que respeita á repartição de direitos e deveres a propósito do Estádio. O desnivelamento favorecimento é tal que chega ao ponto de não haver delimitação especifica acerca do conceito de gestão técnica (ao cargo da CMB) o que na prática resulta numa clausula que alarga as obrigações da câmara e permite nesse enquadramento serem ai incluídos mais deveres.









Ainda que mal pergunte:


- Não haveriam outras infraestruturas socialmente mais uteis cujo investimento fosse prioritário em relação a um estádio?

- Em que medida é que a construção de um estádio promove o desenvolvimento economico de uma cidade?


- Em que condições se realizou esta contratualização e que critérios determinaram as cláusulas do contracto especialmente no que diz respeito á exploração do 'naming'?

- Sabendo que Mesquita Machado é adepto hooligan do Braga quem defendeu os interesses da estado/CMB durante a negociação?

- Porque raio tem o estado ou seja nós todos que andar a suportar os custos operacionais do Braga?

- Como se explica que um dos estádios do Euro 2004 que mais encargos representou para o erário publico seja usufruido por um clube que paga (pag. 162) uma renda anual de 6.000€??


Será que cada uma destas atrocidades só por si não configura um escandalo??


Como facilmente se constata no relatório do TdC, o clube fica com todas as componentes que geram receita tendo apenas como contrapartida o pagamento anual de 6.000€(!!). Não tem despesas com água, luz, segurança nem sequer com o tratamento do relvado já que esta ultima obrigação vá lá perceber-se porquê também é assumida pelo município (talvez haja uma equipa de futebol constituída por funcionarios da Camara) e detem os direitos de exploração comercial da superfície como o 'naming' cuja receita só por si deve ser incomparavelmente superior ao valor mensal que tem que pagar pela utilização do recinto. O Braga deve ser o único clube que tem lucro com o estádio.

A propósito do fundamento invocado para justificar a exploração do naming, cheguei a ler algures uns fundamentos engenhosamente descarados que versavam mais ou menos assim: «o estilo e a qualidade arquitectónica-monumental do Estádio, actua como factor de atracção alargando a oferta turística da cidade» ou «O estádio só tem valor comercial porque o Braga lá actua». 

Mas isto não se fica por aqui, o TdC denunciava (pág. 160) uma situação que classifica como «beneficio ao clube sob a forma de financiamento da SAD através de dinheiros públicos». Dá vontade de perguntar se esta gente consegue funcionar sem truques e comportar-se de forma honesta. A resposta é simples: Claro que não! 

Estes golpes parecem passar ao lado da vasta comunicação social desportiva que tanto gosta de encontrar virtudes nestes farsantes transformados em 'grande' sem terem conquistado qualquer titulo salvo uma taça á coisa de 50 anos atrás. Seria interessante ouvir alguém (o supercomentadordesportivo por exemplo) a explicar este intrincado conceito de 'serviço publico'.

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